Vendedeiras fazendo mercado frente à Igreja de Santa Cruz
COIMBRA - 1874
Em 1874 foi criada uma linha em sistema “americano” (*) que ligava o centro de Coimbra (Largo da Portagem) com a Estação Velha.
Extinto em 1887, este sistema de tracção animal foi reaberto em 1904 e ampliado à Universidade, para encerrar em 1908.
Os elétricos de Coimbra entrariam em funcionamento em 1911, retomando e ampliando a rede do carro americano.
BUARCOS—FIGUEIRA DA FOZ - 1876
INTRODUÇÃO
1 Carro "americano, Museu de Massarelos.
de Massarelos, Porto.
A regra de Circulação pela Direita é de 1928, ano em que aparece a designação de Código da Estrada. Até então a circulação era feita pela esquerda, à inglesa
Com a chegada do comboio à Estação Nova, Outubro de 1885, acabou a primeira carreira de "americanos" de Coimbra: Ferreira Borges - Estação Velha.
1.-.Estação Nova—Universidade
2 - Estação Velha—Alegria
3.-.Estação Nova—Santo António dos Olivais
Preço dos Bilhetes entre 20 e 80 réis.
No começo do século XX, Coimbra assiste pela primeira vez a ver os carros elétricos partilharem as ruas e os espaços públicos com pessoas, animais, inclusive rebanhos de ovelhas, coches, liteiras, etc. etc. transformando os arruamentos em lugares de deambulação, circulação e trânsito.
Alteram-se arruamentos sobretudo os mais estreitos e sinuosos na Baixa e projectam-se novos espaços na Av. Sá da Bandeira, Bairro de Santa Cruz, Rua dos Combatentes, Estrada da Beira, novos arruamentos na Cumeada, Montarroio, Bairro Operário, Celas, etc etc etc. e naturalmente os proprietários destes terrenos vêem-nos muito valorizados.
Coimbra Esquema da rede das carreiras de carros eléctricos, década de vinte, século XX
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Em Coimbra os elétricos começaram a circular a 1 de Janeiro de 1911
Compreendendo três carreiras ou linhas:
Estação Velha à Alegria,
Estação Nova à Alta (Universidade)
Estação Nova a Santo António dos Olivais.
A frota era constituída por cinco carros elétricos com o respectivo número em cada um dos lados da frente.
(Não misturar o número do eléctrico com o número da carreira que aparecia ao alto na janela central)
O sistema de eléctricos entrou ao serviço no dia 1 de Janeiro de 1911, sendo a quarta localidade portuguesa a contar com este meio de transporte, a seguir ao Porto (1895), Lisboa (1901) e Sintra (1904).
Três anos depois (1914), Braga juntou-se ao grupo.
1 de janeiro de 1911
Linha da direita em direcção à Av. Sá da Bandeira
Linha da esquerda (Nº 2) em direcção à Estação Velha.
uma da Estação Velha à Alegria,
outra da Estação Nova à Alta / Rua Larga (Universidade)
e a terceira da Estação Nova a Santo António dos Olivais.
A frota inicial era constituída por cinco carros elétricos
1913 -.Primeira ampliação da rede foi a 24 Maio, troço Alegria.-.Calhabé.
1925 - A frota era constituída por 15 carros e 2 atrelados (os choras).
1928 –.Via dupla na Rua Ferreira Borges e Visconde da Luz até aos Arcos do Jardim.
1928 - Construída a Linha do Matadouro.
1929.-.Construída a Linha dos Arcos do Jardim - Calhabé. Ficando concluído o percurso Calhabé - Circulação.
1929 -.Construída a Linha da Cumeada - Olivais. Ficando concluído o circuito da Cumeada
1932.-.Prolongamento da Linha da Cumeada até à Igreja de Santo António dos Olivais.
1932.- Construída a Linha Abílio Roque (actual Rua P. António Vieira)
1932.- Prolongamento da via dupla até à Universidade.
1934. - Construção da Linha de São João que permitiu a circulação pela Universidade.
1930.-.Compra de mais 3 carros eléctricos.
1934.-.Mais 1 carro eléctrico este construído nas Oficinas dos Serviços Municipalizados.
1940.-.Construção do carro número 20 sendo este o último a ser construído nas Oficinas dos SMC
1940.-.Ligação de mais três linhas de “amarelos”: Cumeada, Olivais e Montes Claros.
Nos anos 40 começa a questionar-se a rede de carros eléctricos defendendo-se o sistema de “trolleyonibus” visando a substituição da via de carris de modo a melhorar a mobilidade e conforto.
1947 -.”Troleybus” para Santa Clara naturalmente sem carris, apenas linha aérea. Muito justamente crismados de “OS PANTUFAS” não faziam barulho ao contrário dos eléctricos. que chiavam por todos os cantos.
1951.— Fim da Carreira Nº 5 do Calhabé substituída por tróleis e renomeada para Linha de São José.
1954.— Linha Nº 7 para o Tovim.
1954.— Construção da linha na Rua Dr. Manuel Rodrigues, Av. Fernão de Magalhães e Largo das Ameias, permitindo a circulação pela Baixa. (Volta da Baixa pelo Palácio da Justiça)
Nota de saudade: A Geração dos anos 40, 50, 60 e até 70 com certeza que recordam muito do que aqui se apresenta. Os mais novos certamente não deixarão gostar de saber como as coisas eram no tempo dos seus avós e bisavós.
Tróleis
1959.-.Abertura da linha n.º 5, Portagem – Estádio Municipal e da linha n.º 5, Praça de República – Liceu (que mais tarde veio a ser a linha Nº 9).
1960: Abertura da linha n.º 5, Praça 8 de Maio – Apeadeiro de S. José (que mais tarde veio a ser a linha 10).
1962: Abertura da linha n.º 1, Portagem – Universidade (via Abílio Roque); e da linha n.º 6T, Universidade – Almas de Freire
1970: Abertura da linha n.º 8, Portagem – S. António dos Olivais (pela Rua Lourenço Almeida Azevedo e Largo de Celas).
1972: Passagem da “recolha” dos troleicarros da “parada” da Alegria para as novas instalações da Guarda Inglesa.
1982: Abertura da linha n.º 3, Portagem – Santo António dos Olivais (via Penedo da Saudade)
1984: Abertura da linha n.º 4, Portagem – Celas.
1988: Abertura da linha n.º 46, Santa Clara – Portagem – Celas, com circulação pela Av. Fernão de Magalhães)
1991: Abertura das linhas n.º 7 e n.º 7T, Estação – Tovim.
Na década de 90 os SMTUC ponderam a substituição de troleicarros por autocarros
1995: Substituição dos troleicarros por autocarros na linha n.º 5.
1999: Substituição, definitiva, dos troleicarros por autocarros na linha n.º 7 (Tovim)
2001: O Executivo Municipal opta pela manutenção da rede de troleicarros, com um número reduzido de unidades e carreiras, a saber:
linha n.º 1, Estação Nova – Universidade; e
linha n.º 3, Estação Nova – S. António dos Olivais (via Penedo da Saudade)
2002: Substituição dos troleicarros na linha n.º 8;
2002 Reintrodução dos troleicarros na linha n.º 4.
A Rede de Carros Eléctricos facilitou a urbanização dos arrabaldes: à volta do núcleo urbano da Baixa e da Alta dando origem a múltiplos e diferentes Bairros: Conchada, Montes Claros. Montarroio, Celas, Olivais, Av Dias da Silva, Calhabé, Bairro Marechal Carmona, Fonte do Castanheiro, estes dois últimos sem acesso directo aos transportes dos carros eléctricos, Fonte da Cheira, Arregaça.
CURIOSIDADE
A partir de meados do século XX a importância urbanística da cidade ficou muito ligada aos Transportes Urbanos Públicos: "Americano", Eléctrico, Trólei, Autocarro.
Pelos anos 70 populares e técnicos já considerávam os velhinhos "AMARELOS" como antiquados, rígidos, barulhentos, desconfortáveis e discutiam uma alternativa.
Com alguma ironia, hoje vemos nascer um movimente de cidadãos a defender o restauro do “elétrico” como factor de cultura patrimonial sobretudo associado ao turismo.
As voltas que o mundo dá!!!!
Não vai ser fácil como fácil não está a concretização efectiva do Museu dos Transportes Urbanos para preservar todas essas memórias
DESENVOLVIMENTO URBANO DE COIMBRA
No início do século XX o espaço urbano praticamente estava limitado à Alta e à Baixa, o resto do território seriam arrabaldes: Montes Claros, Conchada, Cumeada, Celas, Olivais, Calhabé, Arregaça, Santa Clara...
Com os transportes colectivos nascem nesses “arrabaldes” múltiplos bairros com o mesmo nome e cada vez mais unidos ao núcleo urbano, modernizando a vetusta e milenar cidade ao mesmo tempo que se multiplicavam as carreiras de transporte.
Nos anos 60 torna-se claro que o carro eléctrico começa a ser ultrapassado pelos tróleis e autocarros face ao mau estado de adaptabilidade do espaço onde assentam os carris, ao mau estado de conservação da via férrea, à rigidez do percurso, aos acidentes causados….
O eléctrico, a partir dos anos de 70 é considerado por muitos antiquado, barulhento e desconfortável e advinha-se o fim de um período.
Com alguma ironia à mistura, na segunda década dos anos dois mi,l nasceu um forte movimento a defender o “elétrico” como factor de valorização cultural-patrimonial, sobretudo a nível turístico, dando continuidade aqueles que em 1984 lutaram para que o Museu de Transportes Urbanos de Coimbra fosse, e foi, uma realidade. que preserva todas estas memórias e cuja ideia principal se deve a RODRIGUES COSTA que foi o seu primeiro e ilustre director e iniciou a sua implantação na antiga estação de recolha e oficinas de reparações da Rua da Alegria.
O Trólei a caminho de Santa Clara atravessando a velha ponte de tabuleiro metálico e pilares de alvenaria, silencioso em contraste com os barulhentos e ruidosos eléctricos e por isso mesmo logo baptizado com O PANTUFAS.
A Administração dos Serviços Municipalizados de Coimbra, no início da década de 70, referia o carro elétrico como o tipo de transporte que o progresso vai tornando obsoleto e por cuja eliminação das ruas da cidade muitos pugnam – e que acarreta menor prejuízo por ser o que exige menor dispêndio na manutenção e conservação.
Este entendimento, sequência de anteriores decisões, condicionou o desenvolvimento da rede de transportes coletivos de Coimbra.
Na realidade tendo a rede, na zona urbana, adquirido as dimensões adequadas à dimensão da Cidade, a partir do final da década de 60 assistiu-se ao seu alargamento às zonas suburbanos e mesmo à zona rural.
Este alargamento, efetuado essencialmente com recurso a autocarros, levou a um rápido crescimento do número de passageiros transportados. Assim, tendo em 1963 sido ultrapassado o número de 15 milhões, logo em 1967 o sistema transportava pela primeira vez num ano, mais de 20 milhões de passageiros.
Em 1959 verificou-se a abertura da linha Nº 5, Portagem – Estádio Municipal; e da linha n.º 5, Praça de República – Liceu, que mais tarde veio a ser a linha n.º 9;
Em 1960 a abertura da linha n.º 5, Praça 8 de Maio – Apeadeiro de S. José, que mais tarde veio a ser a linha n.º 10.
Em 1962 é aberta a linha Nº 1, Portagem – Universidade via Abílio Roque; e a linha n.º 6T, Universidade – Almas de Freire.
O ano de 1964 fica assinalado pelo facto de, pela primeira vez, os troleicarros serem o meio de transporte coletivo a transportar mais pessoas na cidade de Coimbra.
Em 1969 existem na frota dos Serviços Municipalizados vinte carros elétricos, vinte e sete troleicarros e trinta e um autocarros, este período no que respeita à frota utilizada é caracterizado pelo sucessivo abate ao efetivo de carros elétricos e pelo rápido aumento do número de troleicarros e autocarros disponíveis.
Em 1970 foi inaugurada a Linha n.º 8, Portagem – S. António dos Olivais, pela Rua Lourenço Almeida Azevedo e Largo de Celas.
Posteriormente, em 1972 dá-se a passagem da “remise” dos troleicarros da “parada” da Alegria para as novas instalações da Guarda Inglesa.
O ano de 1976 marca uma viragem, na medida em que os autocarros passam a ser o meio de transporte coletivo mais utlizado em Coimbra.
O último eléctrico circulou em Coimbra a 9 de Janeiro de 1980.
Na madrugada do dia 9 de Janeiro de 1980, perto da uma hora da manhã, os carros elétricos recolhem pela última vez às instalações, sitas à rua da Alegria, deixando de circular na cidade de Coimbra.
PAX ANIMAE TUAE
A frota dos Serviços Municipalizados era constituída por vinte carros elétricos, vinte e sete troleicarros e setenta autocarros.
CURIOSIDADE
O CHORA DO CALHABÉ e o “AMERICANO” de LISBOA
Em 1878, Eduardo Jorge, então com 18 anos, vindo como tantos do interior, empregou-se como moço de cavalariça nos “americanos” em Lisboa.
Era o “Carro do Chora”, que veio a tornar-se o mais famoso concorrente dos "americanos".
Ambos modestas carruagens de bancos laterais corridos.
O da Capital da Cultura puxado por um elétrico o da Capital do Império por mulas.
Corria o ano de 1864 quando o comboio chegou a Coimbra.
Este facto é decisivo para transformar a Lusa-Atenas pois passa a ter uma ligação rápida a Norte, a Sul e às Beiras facilitando a movimentação de pessoas e bens.
Em 1874 é inaugurada a primeira linha de "carros americanos" de tracção animal normalmente puxada por mulas.
A 1 de Janeiro de 1911 é inaugurada a tração elétrica em Coimbra.
Fase inaugural com 3 carreiras e 5 carros.
A frota de eléctricos de Coimbra - com 20 carros no total - inicia-se com o Nº 1 de cor vermelha e que com algumas reparações nas excelentes oficinas da Rua da Alegria se manteve ao serviço até ao fim -1980.
Em 1912 acrescenta-se-lhe mais 1 ( Nº 6 já de cor amarelo-torrado ) e no ano seguinte, 1913, mais uma carreira Alegria - Calhabé.
Em 1927 chegam os carros Nº 14 e 15 (Sendo que para o eléctrico 14 estava reservada a glória de ser o último a circular em Coimbra em 1980)
Em 1954 o eléctrico Nº 16 inaugura a Carreira para o Tovim.